Como Descobri o BDSM e Me Redescobri Como Mulher: Meu Testemunho

Sexualidade

Se alguém me dissesse há alguns anos que eu escreveria um depoimento sobre BDSM, eu teria achado absurdo. A verdade é que, por muito tempo, eu enxerguei essa prática com os mesmos olhos de muita gente: algo estranho, reservado para pessoas excêntricas ou completamente fora do que eu considerava “normal”. Mas a vida tem uma forma interessante de nos surpreender, e minha jornada no BDSM me levou a um lugar de autoconhecimento, prazer e empoderamento que eu nunca imaginei alcançar.

Minha curiosidade começou de forma discreta. Eu e meu parceiro sempre fomos abertos a novas experiências, mas confesso que o universo BDSM parecia algo distante da nossa realidade. Até que um dia, em uma conversa casual sobre fantasias, ele mencionou o desejo de experimentar algo relacionado à dominação e submissão. Naquele momento, senti um misto de surpresa e excitação. Algo em mim se acendeu. Eu sempre gostei da ideia de “brincar” com papéis na cama, mas nunca tinha explorado isso de forma consciente e com um parceiro disposto a fazer isso de maneira segura.

O primeiro passo foi a pesquisa. Fui ler sobre o que realmente era o BDSM e me deparei com conceitos que antes eu desconhecia completamente. Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo… O acrônimo em si já parecia complexo, mas quanto mais eu lia, mais entendia que o BDSM não é apenas sobre dor ou controle, como muitos imaginam, mas sim sobre confiança, respeito e entrega. Era um mundo onde as regras eram claras, onde o diálogo vinha antes de qualquer ato, e onde o prazer surgia não apenas do físico, mas também do psicológico.

Depois de muitas conversas e pesquisas, decidimos tentar. Começamos de forma bem leve, experimentando pequenas cenas de dominação e submissão. O que eu não esperava era o quanto essa experiência me faria descobrir uma nova faceta minha, como mulher. Assumir o papel de submissa, algo que inicialmente me causava receio, revelou-se uma fonte imensa de prazer. Eu me senti completamente livre para ser vulnerável, para me entregar ao momento sem medo ou vergonha. Era uma sensação de alívio e ao mesmo tempo de poder — sim, porque mesmo na submissão, eu tinha o controle. Eu sabia que qualquer coisa que me deixasse desconfortável poderia ser interrompida a qualquer momento, e isso me dava segurança.

A chave para que tudo desse certo foi, sem dúvida, a comunicação. Eu e meu parceiro estabelecemos limites muito claros antes de qualquer cena. Discutimos o que estávamos dispostos a experimentar, o que nos excitava e o que não queríamos de jeito nenhum. Criamos uma safe word — uma palavra que eu poderia usar caso quisesse parar imediatamente — e essa simples medida fez toda a diferença. Saber que eu tinha esse recurso me deu confiança para ir além do que eu jamais imaginei ser capaz de fazer.

Outra coisa que percebi ao longo dessa jornada foi como o BDSM nos conectou em um nível mais profundo. Não era apenas sobre prazer físico; era sobre a confiança absoluta que desenvolvemos um no outro. Cada cena que vivíamos era precedida por longas conversas e seguida por momentos de carinho e cuidado. O famoso aftercare, como descobri mais tarde, é uma parte essencial do BDSM. Após qualquer cena, havia esse momento de conexão, onde ele cuidava de mim, me abraçava, me beijava e me fazia sentir segura. Isso me mostrou que, ao contrário do que muitos pensam, o BDSM não é sobre violência ou abuso, mas sobre afeto, respeito e entrega mútua.

Com o tempo, começamos a explorar outras práticas dentro do BDSM, como o bondage (amarrar o corpo de forma sensual) e o impact play (uso de acessórios como chicotes e palmatórias). Cada experiência trazia algo novo, uma descoberta diferente sobre o meu corpo e sobre o prazer. Eu nunca imaginei que poderia sentir tanto prazer em algo que, antes, me parecia estranho. Mas o segredo foi fazer tudo no nosso ritmo, sem pressa, respeitando sempre os limites e as vontades de cada um.

O mais surpreendente para mim foi perceber o quanto essa jornada afetou minha vida fora do quarto. Eu me tornei uma mulher mais confiante, mais segura de mim e mais consciente do meu corpo. O BDSM me mostrou que o prazer é algo que vai além do convencional, e que a sexualidade é algo para ser explorado sem vergonha ou culpa. Eu entendi que assumir meus desejos e fantasias não me torna menos digna de respeito; ao contrário, me faz uma mulher mais livre e dona de si.

Hoje, depois de muita experimentação, ainda temos muito a descobrir juntos. O BDSM não é algo que se esgota, mas sim uma jornada constante de aprendizado e autoconhecimento. E se há algo que eu posso dizer a outras mulheres que sentem curiosidade sobre esse mundo, é: não tenham medo de explorar. BDSM não é sobre dor ou submissão cega; é sobre confiança, respeito e entrega. E, acima de tudo, é sobre prazer — o seu prazer, em primeiro lugar.

Se você sente vontade de explorar esse universo, converse com seu parceiro, leia, informe-se e vá no seu ritmo. A sexualidade é algo pessoal, e cada um tem o direito de descobrir o que lhe traz felicidade e prazer. No final das contas, o mais importante é viver sua sexualidade de forma plena, consciente e, acima de tudo, livre. Porque, acredite, nada é mais empoderador do que ser fiel a quem você realmente é.

*Nome fictício para preservar a identidade da autora do relato.
O relato não representa a opnião deste site.


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