Por que a Valve escolheu o Arch Linux como base para o SteamOS
A adoção do Arch Linux como base do SteamOS não foi uma decisão casual da Valve; ela reflete uma estratégia técnica alinhada ao que a empresa pretende para o ecossistema Steam. A Valve precisava de uma fundação que fosse flexível, moderna e capaz de entregar atualizações rápidas sem arrastar consigo estruturas pesadas típicas de distribuições mais tradicionais. O Arch surgiu como a escolha natural justamente por oferecer essa combinação de leveza e controle fino sobre cada componente do sistema.
A Valve buscava um sistema altamente customizável, onde pudesse modificar, remover ou substituir partes essenciais com liberdade total. Como o Arch adota o conceito de sistema minimalista por padrão, o SteamOS pôde nascer sem sobras, modificado exatamente na medida necessária para oferecer a experiência console-like que a empresa queria. A ausência de camadas redundantes facilitou otimizações profundas, especialmente em áreas como inicialização, gerenciamento de energia e integração de drivers de GPU.
Outro fator determinante foi a natureza rolling release do Arch. Para a Valve, que precisa reagir rapidamente a novas tecnologias, padrões gráficos e atualizações críticas de mesa gráfica, ter um sistema que recebe novidades imediatamente é uma enorme vantagem. Isso se tornou ainda mais importante com o Proton e o uso extensivo de traduções de compatibilidade, onde mudanças no kernel, no Mesa e no Wine podem resolver bugs de jogos específicos. O Arch permite que essas melhorias cheguem ao SteamOS de forma muito mais ágil do que seria possível em distribuições de ciclo estável.
A comunidade ativa do Arch também pesou nessa decisão. A Valve se beneficia de uma base constantemente atualizada, documentada e acompanhada por desenvolvedores que vivem no limite das tecnologias Linux. Essa vitalidade da comunidade facilita a implementação de novos recursos e oferece um fluxo contínuo de melhorias que a empresa pode adotar, adaptar ou incorporar ao seu próprio pipeline.
Por fim, o Arch se alinha filosoficamente com o objetivo da Valve de aproximar o Linux do jogo moderno. O SteamOS precisava de um sistema aberto, transparente e moldável, para que a empresa pudesse transformá-lo de uma distribuição comum em uma plataforma de jogos robusta e prática para usuários comuns. O Arch ofereceu exatamente esse ponto de partida: potência técnica com liberdade total para construir algo novo por cima.