Impactos da Inteligência Artificial no Futuro do Trabalho para a Geração Z
A ascensão da inteligência artificial (IA) está redesenhando o panorama profissional exatamente no momento em que a Geração Z — nascida entre meados da década de 1990 e o início dos anos 2000 — entra em força de trabalho global, trazendo consigo expectativas e desafios inéditos. Para muitos jovens, a IA é vista como uma aliada: pesquisa da EY revela que 76% da Geração Z já usa IA em suas tarefas diárias, seja no trabalho ou na vida pessoal, aproveitando-a para automatizar atividades repetitivas, analisar grandes volumes de dados e reduzir erros. (EY)
Por outro lado, essa dependência crescente gera tensões importantes. Um estudo da Forbes apontou que 46% dos profissionais da Geração Z preferem pedir orientação à IA do que a seus gerentes ou colegas, o que pode minar a construção de habilidades interpessoais e a comunicação tradicional no ambiente corporativo. (Forbes) Essa preferência evidencia uma lacuna: embora muitos jovens se sintam confiantes com a tecnologia, eles nem sempre têm domínio profundo ou consciência crítica sobre seus limites, o que pode comprometer tanto a qualidade quanto a ética do trabalho. (Forbes)
Além disso, a IA está reconfigurando os requisitos para empregos emergentes. Pesquisas recentes destacam que modelos generativos como o ChatGPT estão sendo cada vez mais mencionados em anúncios de emprego, indicando demanda crescente por habilidades como prompt engineering, criação de conteúdo e análise criativa. (arXiv) Ao mesmo tempo, um estudo acadêmico aponta que, mais do que substituir, a IA tende a complementar o trabalho humano: cresce a procura por competências como literacia digital, colaboração, resiliência e outras “soft skills” que são difíceis de automatizar. (arXiv)
Para a Geração Z, isso significa que o futuro do trabalho será moldado por uma dualidade: por um lado, eles devem abraçar a IA para se manterem competitivos; por outro, precisam desenvolver habilidades sociais, pensamento crítico e adaptabilidade para garantir que não sejam simplesmente operadores de máquinas, mas sim agentes que usam a tecnologia para aumentar seu próprio valor. No cenário global, a pressão já é real: segundo o Fórum Econômico Mundial, muitos jovens enfrentam a possibilidade de menos contratações para posições de entrada, uma vez que empresas começam a automatizar funções antes reservadas a recém-contratados. (World Economic Forum)
Contudo, os impactos não são unilaterais. Uma revisão recente da literatura científica sobre IA no trabalho identifica efeitos teóricos complexos: sob as perspectivas de recursos, estresse, cognição e motivação, a IA pode tanto liberar os trabalhadores para tarefas criativas quanto introduzir pressão adicional, insegurança e dependência de sistemas que não são totalmente transparentes. (SpringerLink)
Diante disso, o papel das organizações e das instituições educacionais torna-se mais estratégico do que nunca. A formação de jovens da Geração Z precisa evoluir para incluir não só habilidades técnicas relacionadas à IA, mas também ética tecnológica, pensamento crítico, empatia e colaboração — competências que permitirão a esses profissionais não apenas sobreviver, mas liderar em um mundo cada vez mais mediado por inteligências artificiais.
Fontes científicas / acadêmicas em inglês
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Mäkelä, E., & Stephany, F. (2024). Complement or substitute? How AI increases the demand for human skills. arXiv. (arXiv)
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Ahmadi, M., Khosh Kheslat, N., & Akintomide, A. (2024). Generative AI Impact on Labor Market: Analyzing ChatGPT's Demand in Job Advertisements. arXiv. (arXiv)
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Shao, Y., Zope, H., Jiang, Y., Pei, J., Nguyen, D., Brynjolfsson, E., & Yang, D. (2025). Future of Work with AI Agents: Auditing Automation and Augmentation Potential across the U.S. Workforce. arXiv. (arXiv)